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02/10/2025 09:04

Entenda o que é a hipertensão arterial e quais são as suas complicações

A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), conhecida popularmente como pressão alta, é uma condição crônica e multifatorial que se caracteriza pela elevação constante dos níveis de pressão arterial. Ela afeta uma parcela significativa da população adulta e é um dos principais fatores de risco modificáveis para morbidade e mortalidade cardiovasculares. Sua natureza assintomática em muitos estágios iniciais lhe confere o apelido de "assassina silenciosa", destacando a urgência do diagnóstico e manejo precoces para prevenir suas complicações.

Mas o que são fatores de risco modificáveis? São aspectos da vida e da saúde que podem ser alterados ou controlados por meio de hábitos de vida saudáveis ou tratamento médico, reduzindo o risco de desenvolvimento de doenças cardíacas e diabetes, por exemplo.

Neste artigo, leia sobre:

1. Epidemiologia
2. Entendendo a pressão arterial
3. Causas e fatores de risco
4. Sintomas e diagnóstico
5. Complicações da hipertensão não controlada
6. Tratamento e controle
7. Prevenção
8. Conte com o nosso plano para se cuidar
9. Autodeclaração de saúde
10. Referências bibliográficas

Epidemiologia

A hipertensão arterial atinge cerca de 27,9% da população brasileira, de acordo com dados do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico - Vigitel (2023). Ainda segundo o levantamento do Vigitel, a prevalência do diagnóstico médico é maior entre mulheres (29,3%) do que entre homens (26,4%) nas 27 capitais brasileiras.

Entendendo a pressão arterial

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A pressão arterial é a força exercida pelo sangue contra as paredes das artérias enquanto o coração o bombeia para o corpo. Ela é medida em milímetros de mercúrio (mmHg) e expressa por dois valores:

  • Pressão Arterial Sistólica (PAS) - também chamada de máxima: o valor mais alto reflete a pressão quando o coração se contrai (sístole) para ejetar o sangue.
  • Pressão Arterial Diastólica (PAD) - também chamada de mínima: o valor mais baixo representa a pressão quando o coração está em repouso entre as batidas (diástole).

Até 2025, os valores de pressão arterial eram considerados normais para adultos quando abaixo de 120/80 mmHg. Em setembro deste ano, com a publicação da Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial 2025, elaborada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), em parceria com a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) e a Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH), foi atualizada a classificação da pressão arterial. A partir de agora, pressões aferidas entre 120 e 139 mmHg de sistólica e 80-89 mmHg de diastólica são consideradas pré-hipertensão. Entretanto, vários fatores devem ser avaliados pelos médicos nesses casos, como fatores de risco, estilo de vida, raça.

O objetivo da reclassificação é reforçar a prevenção: nessa fase, sem que a hipertensão esteja totalmente instalada, os médicos devem recomendar mudanças no estilo de vida e, dependendo do risco do paciente, podem até receitar o uso de medicamentos.

A hipertensão arterial é diagnosticada quando as medições repetidas e em diferentes ocasiões, após um período de repouso, se mantêm em 140/90 mmHg ou mais.

Causas e fatores de risco

A HAS pode ser classificada em primária (essencial) ou secundária.

A hipertensão primária (essencial) é responsável por cerca de 90-95% dos casos e não tem uma causa específica identificável. Acredita-se que resulte da interação entre fatores genéticos e ambientais, incluindo:

  • Predisposição genética: histórico familiar de hipertensão aumenta o risco
  • Idade: a prevalência aumenta com o envelhecimento
  • Etnia: certas etnias, como a negra, apresentam maior incidência e gravidade
  • Excesso de peso e obesidade: o índice de massa corporal (IMC) elevado contribui significativamente pela sobrecarga no coração, que precisa fazer mais força para mandar o sangue para o corpo
  • Sedentarismo: a falta de atividade física regular tem relação estreita com sobrepeso e obesidade
  • Dieta rica em sódio: consumo excessivo de sal
  • Consumo excessivo de álcool: abuso crônico de bebidas alcóolicas
  • Tabagismo: fumar danifica a parede dos vasos sanguíneos, principalmente as artérias, facilitando o depósito de colesterol
  • Estresse: o estresse crônico pode influenciar a pressão arterial, aumentando o risco de desenvolver hipertensão. A liberação de substâncias na corrente sanguínea em momentos de estresse, como a adrenalina (epinefrina) e noradrenalina, também eleva a pressão arterial, podendo causar hipertensão

A hipertensão secundária corresponde a uma menor parcela (5-10%) e é causada por condições médicas subjacentes específicas, como:

  • Doenças renais: doença renal crônica, estenose da artéria renal.
  • Distúrbios endócrinos: hiperaldosteronismo, síndrome de Cushing, tumores nas glândulas suprarrenais, distúrbios da tireoide, como hipertireoidismo
  • Apneia obstrutiva do sono
  • Coarctação da aorta – doença congênita (a pessoa já nasce com esta condição) que provoca o estreitamento da aorta (principal artéria que sai do coração), dificultando a passagem do sangue
  • Uso de certos medicamentos: anticoncepcionais orais, anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), uso crônico de corticoides, alguns descongestionantes nasais

Sintomas e diagnóstico

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Na maioria dos casos, a HAS é assintomática nos estágios iniciais, o que torna as medições regulares da pressão arterial cruciais para o diagnóstico. Quando os sintomas aparecem, eles geralmente indicam um estágio mais avançado da doença ou a ocorrência de complicações, e podem incluir:

Cefaleia (dor de cabeça), frequentemente na região da nuca pela manhã
Tontura ou vertigem
Zumbido nos ouvidos (tinnitus)
Visão turva ou "estrelinhas"
Epistaxe (sangramento nasal)
Palpitações
Fadiga inexplicável

O diagnóstico é clínico e estabelecido por meio de múltiplas aferições da pressão arterial em diferentes consultas e em condições ideais de repouso. Em alguns casos, podem ser necessários exames complementares para confirmação diagnóstica, principalmente se o paciente apresenta fatores de risco ou outras condições de saúde, como diabetes e aumento do colesterol.

Complicações da hipertensão não controlada

A hipertensão arterial não controlada é um fator de risco primário para uma série de complicações graves que podem afetar múltiplos órgãos e sistemas, diminuindo a qualidade e a expectativa de vida do indivíduo. As principais complicações incluem:

1. Doenças cardiovasculares

  • Doença Arterial Coronariana (DAC): a HAS acelera a aterosclerose, que é o depósito de colesterol na parede das artérias, estreitando e endurecendo as artérias coronárias, o que pode levar à angina (dor no peito) ou ao Infarto Agudo do Miocárdio (IAM).
  • Acidente Vascular Cerebral (AVC): a alta pressão pode romper vasos sanguíneos cerebrais (AVC hemorrágico) ou levar à formação de coágulos que bloqueiam a passagem do sangue, interrompendo a nutrição daquela área do cérebro (AVC isquêmico), resultando em danos neurológicos que podem ser permanentes, como paralisia, dificuldade de fala e perda de memória.
  • Insuficiência cardíaca: o coração, para bombear o sangue contra uma resistência elevada, trabalha mais com mais esforço. Com o tempo, essa sobrecarga pode levar ao espessamento e enfraquecimento do músculo cardíaco, resultando em sua incapacidade de bombear sangue eficientemente. Quando o coração apresenta um aumento significativo, não há como reverter essa condição.
  • Doença Arterial Periférica (DAP): afeta os vasos sanguíneos que se encontram nas regiões periféricas do corpo, especialmente nas pernas, causando dor ao caminhar (claudicação) e, em casos graves, úlceras ou gangrena. Em alguns casos, pode levar à amputação.
  • Aneurismas: a pressão constante e elevada pode enfraquecer as paredes dos vasos sanguíneos, levando à formação de dilatações anormais (aneurismas), que podem se romper e causar hemorragias internas graves, como o aneurisma da aorta. Qualquer artéria do corpo pode desenvolver aneurisma.

2. Doença Renal Crônica (DRC)

A hipertensão é a segunda principal causa de doença renal crônica. A pressão alta danifica os pequenos vasos sanguíneos nos rins, comprometendo sua capacidade de filtrar resíduos e fluidos do sangue. Com o tempo, isso pode levar à insuficiência renal, exigindo diálise ou transplante renal.

3. Lesões oculares

A retinopatia hipertensiva é uma complicação ocular comum. A pressão elevada danifica os vasos sanguíneos da retina, que é a camada sensível à luz localizada na parte de trás do olho. Isso pode causar sangramento, exsudato (líquido biológico, comumente associado a feridas e inflamações) e inchaço do nervo óptico, podendo levar à visão turva ou, em casos graves, à cegueira.

4. Demência vascular e comprometimento cognitivo

A HAS contribui para a demência vascular ao causar danos aos pequenos vasos cerebrais, reduzindo o fluxo sanguíneo e o suprimento de oxigênio para o cérebro. Isso pode levar ao declínio cognitivo, a problemas de memória, raciocínio e outras funções cerebrais. O quadro pode ser agravado quando o paciente apresenta um acidente vascular cerebral extenso ou vários eventos. Não há tratamento para a demência vascular.

Tratamento e controle

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O objetivo do tratamento da HAS é reduzir a pressão arterial a níveis seguros e sustentáveis para prevenir as complicações. Isso geralmente envolve uma abordagem múltipla:

1. Mudanças no estilo de vida

  • Dieta saudável: adoção da dieta com pouco sal, que enfatiza o consumo de frutas, vegetais, grãos integrais, laticínios com baixo teor de gordura e limita gorduras saturadas, colesterol e sódio.
  • Redução do consumo de sódio: limitar a ingestão de sal a menos de 2 gramas de sódio por dia (equivalente a cerca de 5 gramas de sal de cozinha).
  • Controle do peso: manter um peso saudável ou buscar a perda de peso se houver sobrepeso/obesidade.
  • Atividade física regular: pelo menos 150 minutos de atividade aeróbica de intensidade moderada por semana.
  • Moderação no consumo de álcool: limitar a ingestão de bebidas alcoólicas.
  • Cessação do tabagismo: parar de fumar é fundamental.
  • Manejo do estresse: técnicas de relaxamento, como meditação ou ioga.

2. Tratamento medicamentoso

Em algumas situações, as mudanças no estilo de vida não são suficientes. Nesses casos, o médico pode prescrever medicamentos anti-hipertensivos. Existem várias classes, e a escolha é individualizada, com base nas características do paciente e outras condições de saúde.

É crucial que o tratamento medicamentoso seja seguido rigorosamente, mesmo na ausência de sintomas, e que o paciente realize o monitoramento regular da pressão arterial e consultas de acompanhamento.

Prevenção

A prevenção da HAS deve ser uma prioridade desde cedo. A adoção de um estilo de vida saudável, incluindo dieta balanceada, atividade física regular, manutenção de um peso adequado e controle do estresse, evitando o tabagismo e o consumo excessivo de álcool, são as estratégias mais eficazes. Além disso, o monitoramento regular da pressão arterial, especialmente em indivíduos com fatores de risco, permite o diagnóstico precoce e a intervenção antes que as complicações se manifestem. Pessoas com histórico familiar devem ter atenção redobrada, pois podem desenvolver hipertensão arterial em uma fase mais jovem.

Conte com o nosso plano para se cuidar

A hipertensão arterial sistêmica é uma condição crônica que exige vigilância e manejo contínuos. A compreensão de suas causas, o reconhecimento da importância do diagnóstico precoce e a adesão rigorosa ao tratamento são essenciais para prevenir as complicações graves que podem comprometer drasticamente a saúde e a qualidade de vida.

Ao priorizar um estilo de vida saudável e com o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar para coordenar seu cuidado, é possível controlar a pressão arterial e reduzir significativamente o risco de desfechos graves, permitindo uma vida plena e saudável.

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