04/09/2025 17:54
4 formas de proteger a saúde cardiovascular no climatério e na menopausa
A proteção cardiovascular durante o climatério e a menopausa é uma questão fundamental na saúde da mulher, já que, nesse período, ocorre uma transição hormonal marcada pela redução significativa dos níveis de estrogênio, hormônio que desempenha papel importante no cuidado vascular. Essa proteção envolve uma abordagem multifatorial, com foco na modulação de fatores de risco, avaliação individualizada e, em alguns casos, introdução de terapia hormonal.
Este artigo tem por objetivo esclarecer algumas dúvidas sobre um tema muito importante para a saúde da mulher, por meio de literatura baseada em evidência médica e que, ao longo das últimas décadas, sofreu muitas modificações.
Leia sobre:
1. Entenda o risco cardiovascular
2. Dados epidemiológicos
3. Principais fatores de risco cardiovascular na mulher
4. Estratégias de proteção cardiovascular
5. Conte com o nosso plano para se cuidar
6. Autodeclaração de saúde
7. Referências bibliográficas
Entenda o risco cardiovascular
Durante o climatério e a menopausa, há uma queda significativa na produção de estrogênio, o que contribui para alterações metabólicas e inflamatórias, favorecendo:
- Alteração na parede interna dos vasos sanguíneos
- Aumento da resistência à insulina (hormônio que controla os níveis de glicose
- Dislipidemia (elevação de LDL e redução de HDL)
- Aumento da pressão arterial
Cerca de 2 ou 3 anos antes da menopausa, começam a aparecer alterações no sangue devido à redução desse hormônio na mulher, como aumento no colesterol total, LDL colesterol (“mau colesterol”) e triglicerídeos, e redução do HDL colesterol (“bom colesterol”). Há também alteração na distribuição de gordura do corpo, com acúmulo de gordura na barriga e nos órgãos internos abdominais, com alargamento da cintura, o que aumenta a chance de aparecerem as doenças do coração.
Dados epidemiológicos
Até o ano de 2025, haverá mais de 1,1 bilhão de mulheres na pós-menopausa em todo o mundo (período a partir de quando a menstruação acaba), representando 12% de toda a população mundial. Em 2024, o Brasil tinha cerca de 30 milhões de mulheres na menopausa. Com o envelhecimento das pessoas, as mulheres poderão passar cerca de metade de suas vidas nessa fase.
O risco de a pressão arterial subir aumenta com a idade e é maior em mulheres após a menopausa e acima dos 65 anos, superando a dos homens da mesma idade. Nessa fase da vida, a pressão alta nas mulheres parece ser mais afetada pelo consumo de sal. Além disso, as mulheres na menopausa tendem a ter mais efeitos colaterais com os medicamentos para controlar a pressão, o que pode fazer com que elas tenham mais dificuldade para seguir o tratamento corretamente.
Após a menopausa, o sedentarismo leva a um pior condicionamento físico e menor controle dos fatores de risco cardiovasculares mencionados acima, além de maior incidência de fraturas. A falta do estrogênio leva à diminuição do cálcio dos ossos e ao aparecimento da osteoporose em 20% a 30% das mulheres, aumentando a probabilidade de fraturas, inclusive graves e fatais.
Principais fatores de risco cardiovascular na mulher
- Raça/etnia - afrodescendentes têm maior risco
- Estado de saúde cardiovascular antes da menopausa
- Alimentação não saudável - alimentos ultraprocessados, fast-food
- Depressão
- Sono de má qualidade
- Ecocardiograma
- Tabagismo
- Idade em que entrou na menopausa e em que época está desde que a menstruação cessou
- Consumo de bebida alcoólica
- Histórico de doenças cardiovasculares na família
- Sedentarismo
- História reprodutiva: passado de pré-eclâmpsia e diabetes na gestação
Estratégias de proteção cardiovascular
1. Avaliação individualizada do risco cardiovascular
Antes de iniciar a terapia hormonal, é essencial uma avaliação individual do risco cardiovascular. Em pacientes com risco alto ou muito alto, a reposição hormonal é contraindicada.
Para essa avaliação, são utilizadas ferramentas como SCORE ou Framingham Risk Score, ajustadas para mulheres, e exames laboratoriais e de imagem, quando necessário.
2. Mudanças no estilo de vida
- Dieta balanceada com menos alimentos prontos, menos sal, menos açúcar e gorduras
-
Atividade física regular (150 minutos semanais de atividade aeróbica moderada)
-
Cessação do tabagismo
-
Controle do peso e da circunferência abdominal
-
Gerenciamento do estresse
3. Terapia Reposição Hormonal
A decisão de iniciar a Terapia de Reposição Hormonal (TRH) deve ser individualizada para cada mulher e pactuada com o médico que coordena seu cuidado. Todo tratamento pode ter efeitos colaterais e ter o acompanhamento de sua equipe de saúde é indispensável.
É contraindicada em caso de doença cardiovascular estabelecida (ex.: infarto prévio, AVC), alto risco cardiovascular e/ou trombofilia ou histórico de trombose.
4. Alternativas não hormonais
Para mulheres que não podem ou não desejam utilizar a terapia hormonal, existem terapias não hormonais, como a cognitivo-comportamental, para alívio de sintomas vasomotores e apoio psicológico durante o climatério.
A literatura científica atual permite ao profissional de saúde decidir com a paciente a melhor estratégia para manejar esse momento de mudanças intensas na vida da mulher. Há evidências de que a terapia hormonal, quando indicada no momento adequado, minimiza os efeitos do climatério e protege a mulher de eventos cardiovasculares que podem ter consequências graves, mas a decisão deve ser individualizada e pactuada com o médico que coordena seu cuidado, considerando risco cardiovascular, histórico pessoal e familiar, e presença de contraindicações.
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Referências bibliográficas
1. MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Ações Programáticas Estratégica - Manual de Atenção à Mulher no Climatério / Menopausa - 2008
2. Diretriz Brasileira de Saúde Cardiovascular no Climatério e na Menopausa – 2024 - Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC); Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo); Sociedade Interamericana de Cardiologia(SIAC).
3. Manson, J.E. et al. (2017). Menopausal Hormone Therapy and Long-term All-Cause and Cause-Specific Mortality. JAMA, 318(10), 927–938.
DOI: 10.1001/jama.2017.11217